Nós não aprendemos a construir um guarda-roupa. Ora, que besteira. Não é na infância que entendemos que roupa é comunicação, e não é nessa fase também que essa preocupação deve surgir.
Veja se é familiar: roupas ganhadas da mãe, das tias, herdadas de irmãs ou primas, presentes antigos do namorado da adolescência, aquela blusa que a sogra deu e não dá para despachar, peças que compramos porque estava na moda (e hoje a gente não entende porque raios alguém usaria aquilo), roupas de quando tínhamos 15 anos mas, né, ainda servem, a tal camisa da entrevista de emprego (a única, porque camisa não tem nada a ver comigo), alguns abadás de apego, pijamas velhos, e a famigerada roupa de ficar em casa. Surrada, coitada.
Essa é a base do guarda-roupa acidental com o qual nos deparamos perto dos nossos 20 anos. Nada pensado, nada estruturado, muito pouco daquilo nos representa.
Em geral, nessa fase - quando entramos para o universo do trabalho, da autonomia, da construção da vida - é que começamos de fato a nos incomodar com as múltiplas facetas, e a falta de ter o que fazer com elas, do nosso guarda-roupa.
E é aí que começa a surgir, de fato, a necessidade de um guarda-roupa intencional.
Vejam bem. Roupa é de fato algo importante. É algo que usamos todos - todos - os dias! É algo que está em contato com o nosso corpo e, ainda que tenhamos a vontade genuína de negar, nos comunica antes de termos tempo de fazer isso por nós mesmos.
Quando falo em guarda-roupa intencional, falo de uma pausa. De entender onde estou na vida, que tipos de demanda o meu corpo tem nesse momento, que tipos de mensagens eu gostaria de ressaltar nos meus espaços, e ver se eu tenho roupa para essa festa! A festa da manhã seguinte, da correria, do resolver coisas, do estar pronta para, da própria vida!
E se você leu até aqui e fez que "SIM" com a cabeça, vou te ensinar como começar a construção do seu em 5 passos simples, porque sei que há esperança quando há 5 passos simples:
1. Anote. Registre suas atividades de uma semana comum, da sua vida de hoje. Nosso armário tem que nos atender agora, não ano que vem.
2. Analise. "Pesque" no seu armário as peças que atendem a essas demandas. Geralmente, são as que você já usa mais mesmo.
3. Destaque. Tire o excesso do campo de visão. Aquelas que não estão servindo bem, que você não sabe se pode precisar depois, que são específicas de ocasiões especiais, que não precisariam estar ali, retire. Ou da casa, ou pelo menos da vista. (Guarde as que você não tem certeza em um saco lá em cima do armário. Logo você vai entender se elas teriam que voltar ou não. Um passo por vez.)
4. Organize. O que ficou, tem que ficar lindo. Coloque cabides iguais, passe um perfume de roupas, distribua por ordem de cor ou tipo de peça. Qualquer forma que funcione para você. Nós somos visuais, a beleza nos organiza. Organize seu armário até sentir vontade de vestir o que está nele.
5. Viva por um tempo. Você vai sentir mais clareza e vontade de usar as roupas. Vai testar coisas novas e vai dar pela falta de outras que funcionariam bem ali. Faça uma lista em um bloco de notas do celular. A próxima compra que fizer, deve ser com base nessa lista. Porque essa lista foi feita com base na sua vida.
E assim nasce um guarda-roupa intencional.